sábado, 24 de abril de 2010

Entrevista da 2ª Região

Essa semana, o post da 2ªRF é uma entrevista muito bacana com a fraternista Thaís Moya. Ela começou com participante da Mocidade, freqüentou os GFEs das cidades onde morou, viveu na Cifrater, e está participando da AGO (Assembléia Geral da Oscal) neste final de semana. Confira esse bate papo super bacana!

MOFRASOUL: Thaís, apresente-se!

Thaís Moya: Oi, gente, pra quem ainda não me conhece, sou Thaís Malaguti Moya, conhecida no meio da internet como thaissitha, embora esse não seja um apelido e sim um login. Nasci e fui criada em São José do Rio Pardo, SP, pertencente à 2aRF - Grupo da Fraternidade Irmão Hugo - , mas já frequentei os Grupos Cabete e Américo em Campinas, Veneranda, na Cidade da Fraternidade e morei na cidade do Rio de Janeiro, onde frequentei os encontros regionais da 1aRF. Atualmente moro na cidade de Poços de Caldas, MG com meu marido, Vitor e minha filha, Sara. Frequentamos o GF Irmã Narcisa e desde já gostaria de dizer que sempre que passarem por Poços ou desejarem visitar, estaremos com os corações e com as portas de nossas casas abertos para receber a todos!


MF: Há quanto tempo você participa das atividades no Mofra?


TM: Participo de um Grupo de Fraternidade desde criança, mas não dava muita bola pros papos de Cidade da Fraternidade, Mofra e tal. Uma vez, numa regional, minha mãe me perguntou se eu gostaria de morar lá - eu tinha uns 8 anos - e eu perguntei se lá tinha shopping center, e como ela respondeu que não, eu obviamente também neguei...Eu não entendia por que tantas pessoas falavam tanto dessa tal Cifrater, peguei até birra do lugar. Hoje vejo que faltaram explicações para as crianças sobre o Movimento, a Cidade, talvez se tivessem me explicado melhor não teria tido essa reação. Me aproximei mais do Movimento quando comecei a frequentar a Mocidade, com 13 pra 14 anos e ir às Pós Comemofras. A primeira pós que fui foi justo aqui em Poços de Caldas, tava um frio, tinha acabado de fazer 14 anos, eu era uma mala sem alça. Passei o encontro todo rindo de tudo, achando as pessoas fanáticas, estranhas - mas no fundo tinha gostado e não queria admitir, tanto que todo ano ia. Foi só no ano seguinte, na pós comemofra em São João da Boa Vista, que comecei realmente a participar das discussões nas técnicas - inclusive o click que me deu pra que me ligasse no Mofra foi justamente na técnica que publiquei no blog Naftalina do Mofra no dia 20/4, quem ficou curioso, vai lá ler. Quando as discussões começaram, eu tive vontade de falar, fui ouvida e senti que aquilo fazia sentido e comecei a me sentir útil, perceber que poderia contribuir. Parece algo pequeno, mas acredito que são coisas assim que fazem com que o jovem permaneça ou se afaste do trabalho. Desde aquele ano, 1995, comecei a participar das atividades do Mofra.


MF: Você criou o blog "Naftalina do Mofra", concorda que a internet é um meio de reencontrar os amigos e motivá-los a voltar ao trabalho no Mofra?

TM: A idéia do blog surgiu quando me lembrei que o Néio, de Campinas, há uns 6 anos havia me emprestado uns vídeos que ele tinha como acervo pessoal das atividades que participou no Mofra. Era uma sacola grande com umas 20 fitas VHS. Vi algumas na época, mas não dei conta de ver tudo. A sacola ficou encostada no meu armário todo esse tempo. Fiquei até com vergonha de devolver desse jeito ao amigo que tinha emprestado com tanto carinho. Daí tive a idéia de passar tudo pra DVD e quando assisti novamente as filmagens, a sensação que me envolveu foi tão boa que achei um crime não dividí-la com todos que haviam participado daqueles momentos e com aqueles que não participaram, mas gostariam de conhecê-los. Então, tive a ideia do blog. Conversando com um amigo esses dias, acredito que a internet possa amenizar a distância e nos aproximar mais durante os meses que não nos vemos, mantemos a chama do ideal acesa quando estamos em contato com outras pessoas que compartilham disso, que têm o mesmo sentimento. Fiz esse blog também na esperança de que pessoas que se afastaram do trabalho por motivos diversos possam se reanimar, se contagiar pelas energias de outrora e voltarem às atividades, da maneira que acharem melhor. O feedback está sendo bem legal nesse pouco tempo de existência do blog.

MF: Conte-nos sobre sua participação na Comemofra e, na sua opinião, qual a importância do encontro?


TM: Como comentei anteriormente, a minha participação se deu através da pós comemofra, só depois de quatro anos indo a pós comemofra's que fui à minha primeira comemofra. Participei de algumas, como confraternista, RR, comissão, coordenação, enfim, o que realmente importa é a bagagem que adquirimos com o encontro. Aprendemos a administrar, coordenar, conduzir, sermos conduzidos, conviver, tolerar, organizar, uma infinidade de verbos no infinitivo...Hoje o que mais tenho de caro da comemofra são duas coisas: os amigos queridos e ter conhecido a Cidade da Fraternidade. Penso que devemos tomar cuidado, pois, apesar da comemofra ser um encontro de grande importância, não pode ser a finalidade pela qual trabalhamos, deve ser um meio de arregimentar jovens para os trabalhos dentro de suas casas. Acho que a comemofra deve ter a função de troca de experiências entre as regiões, reflexão sobre o Mofra, Doutrina, Cristianismo, convivência com amigos - um repositório de energias no começo do ano para que tenhamos fôlego para as atividades nos meses seguintes.

MF: E a Caravana Cativar?


TM: As caravanas são umas das melhores maneiras para se conhecer os moradores da Cidade. No caso da Cativar, permanecemos lá durante uma semana, então temos chance de ouvir os que estão lá há muitos anos, os que acabaram de chegar e principalmente conviver melhor com as crianças e adolescentes. O impacto que a presença dos fraternistas das regiões tem na comunidade é absurdo! Isso é algo muito importante, pois quando morava na Cidade, era a presença das regiões, o contato com os amigos que me faziam ver que não estávamos esquecidos ali. Isso porque eu já era adulta, agora vocês imaginam as crianças e adolescentes... o impacto positivo que a presença das pessoas, o carinho e a convivência podem gerar neles fazem com que pensemos em manter e cada vez melhorar as caravanas à Cidade da Fraternidade.


MF: Você viveu por um período na Cifrater, como foi para você morar e trabalhar lá, conviver com os moradores, os alunos do Educandário, e etc?


TM: Quando cheguei lá em 2002, fui sozinha, e uma comunitária me chamou um dia pra conversar e me disse assim:"Morar na Cidade da Fraternidade é como desencarnar. Aqui você fica distante de tudo e de todos de uma tal forma que a sensação é essa mesmo." Eu não percebi nas palavras dela algo de amargo ou triste, e sim um convite a olhar para dentro de mim mesma, como uma oportunidade de reforma íntima. Mas fui obrigada a concordar com ela, pois como disse antes, as visitas dos fraternistas ainda são poucas, a internet, telefone não são lá essas coisas e até a energia elétrica está sujeita a cair junto com uma chuva de verão. Volto a dizer que a presença de uma pessoa sequer por lá, com o intuito amigável, já é suficiente para deixar a atmosfera mais alegre.
O trabalho no Educandário foi muito engrandecedor para mim, pois achei que iria ensinar as crianças, mas acabei aprendendo mais do que elas... Acho que o principal trabalho foi contribuir para o aumento da autoestima delas, dizer insistentemente que elas eram capazes de fazer tudo o que quiserem. Isso é pra vida toda e não há dinheiro que pague. Acho que se eu fosse responder essa pergunta direito, teria que escrever um texto enorme, então acho melhor deixar para uma próxima, ou para as conversas pessoalmente, tá? Só digo que foi a experiência mais importante desses meus 30 anos nessa encarnação.


MF: O Mofra passa por um momento de mudanças muito importante, qual sua visão da situação?


TM: Acho que os trabalhos de resgate das mensagens que deram início ao Mofra, feitos pela Angela, Gisele e Débora me fizeram entender os objetivos do movimento de uma maneira nova. Penso que a Espiritualidade buscava de nós, encarnados, uma sistematização do trabalho de assistência aos enfermos e necessitados, de irmos em busca deles, de não apenas nos limitarmos às paredes dos nossos centros espíritas. Bezerra de Menezes reencarnou com a missão de nos lembrar que acima da filosofia e da ciência está o cristianismo, Chico Xavier não deixou de assistir os necessitados. Fraternidade é a palavra trazida pelos mentores para representar essa proposta. Transcender os laços consanguíneos é praticar a caridade, vendo no próximo um irmão. Gostaria que o movimento se organizasse para voltar às orientações que Joseph, Scheilla e demais mentores trouxeram para nós, de irmos ao encontro dos que sofrem. Precisamos agir mais, otimizar nosso tempo.


MF: No contexto, o Movimento da Fraternidade, os GFEs que você frequentou e ainda frequenta, foram importantes para seu aprimoramento pessoal?


TM: Eu diria que não seria a mesma pessoa com absoluta certeza se não tivesse contato com o Espiritismo, com a Cidade, com os amigos que o movimento me apresentou. Acho que como o nosso Mofra existem vários outros trabalhos de assistência, estudo e melhoria das condições evolutivas do nosso planeta, de várias religiões ou sem mesmo uma. O Mofra é apenas mais um, mas penso que para nós é aquele que mais nos toca, pois reúne nele o grupo de espíritos do qual somos afins ou com dificuldades de relacionamento. O trabalho é a proposta que Jesus nos trouxe para apararmos nossas arestas com aqueles que temos débitos e com aqueles que nos são caros do coração. E isso levamos para toda a vida, para a convivência em família, para o trabalho, o estudo, o GFE, o trânsito...nos convida a sermos pessoas melhores, a sermos fraternos, mais do que fraternistas.


MF: Espaço Free HUGS! Deixe sua mensagem para o pessoal do Mofrasoul, a palavra é sua!

TM:Amigos, que possamos sempre manter a constância nos pensamentos e sentimentos realacionados à Fraternidade. Sempre há momentos de desânimo ou descrença com as situações, mas que vejamos possibilidades infinitas de trabalho. Pensemos grande, mas começando com tarefas pequenas, aquelas que ninguém dá muita bola. Ligar para um amigo sumido, visitar alguém que não está bem, confraternizar, estudar, abraçar... é assim que começa! Um grande abraço!

Um comentário:

  1. Alegria, energia e risos, muitos. Gostei MUITO dessa entrevista, muitíssimo gostoso reviver, conhecer e respirar algumas coisas aqui citadas pela Thaís. Uma saudade imensa é claro!

    Que venham outras entrevistas e re-vivências do Mofra :)

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